bem-estar
Meditar é viver! Mais e
melhor
Nem pense
em virar a página achando que já ouviu falar de todos os benefícios da
meditação para a saúde. Vamos mostrar as últimas (e surpreendentes) pesquisas
sobre o assunto, publicadas em uma das principais revistas científicas do
planeta, e ensinar uma técnica tão simples que até quem nunca meditou vai
conseguir por Débora Didonê | fotos Omar Paixão | ilustrações Nik
Célia Cristina Catenaccio, de 50 anos, acredita que a meditação a ajudou a vencer um tumor alojado
no cérebro. "Minha recuperação foi espantosamente rápida." Nem pense em virar a página achando que já ouviu falar de todos os benefícios da meditação para a saúde. Vamos mostrar as últimas (e surpreendentes) pesquisas sobre o assunto, publicadas em uma das principais revistas científicas do planeta, e ensinar uma técnica tão simples que até quem nunca meditou vai conseguir
no cérebro. "Minha recuperação foi espantosamente rápida." Nem pense em virar a página achando que já ouviu falar de todos os benefícios da meditação para a saúde. Vamos mostrar as últimas (e surpreendentes) pesquisas sobre o assunto, publicadas em uma das principais revistas científicas do planeta, e ensinar uma técnica tão simples que até quem nunca meditou vai conseguir
Os
números impressionam. Comparada com os efeitos produzidos apenas por
medicamentos, a meditação transcendental diminuiu em 49% as mortes por câncer,
em 30% as decorrentes de problemas cardiovasculares e em 23% as provocadas por
doenças em geral. O estudo, publicado no prestigiadíssimo periódico American
Journal of Cardiology, durou nada menos
do que 18 anos e foi feito com 202 homens e mulheres idosos e hipertensos que
se dedicaram a essa prática sistematicamente. Duas vezes todo santo dia,
durante 20 minutos, nada além disso.
Note que
o estudo se refere à meditação transcendental, uma entre as cerca de 6 mil
técnicas meditativas existentes no mundo. Não que as demais não sejam eficazes.
São e isso já está mais do que comprovado. "Todas causam um estado de
relaxamento psicofísico", explica Roberto Cardoso, professor do Curso de
Especialização em Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp). O que diferencia a transcendental das demais é, além da
simplicidade, a rapidez de seus efeitos. "Ela age de forma surpreendente
desde os minutos iniciais, permitindo que o corpo descanse duas vezes mais do
que durante o sono", afirma Robert Schneider, diretor do Centro de Prevenção
e Medicina Natural da Universidade Maharishi, em Iowa, nos Estados Unidos, e um
dos principais autores da pesquisa. Relativamente nova, foi criada há cerca de
40 anos por Maharishi Mahesh Yogi, que se tornou famoso depois de virar o guru
dos Beatles.
Diferentemente
de outras técnicas, a meditação transcendental não tem cunho religioso nem
requer rituais ou a repetição de complicadas palavras em sânscrito, língua
indiana predominante em religiões como o budismo e o hinduísmo. Basta se sentar
e não precisa ser na clássica posição de lótus e meditar, sem a necessidade de
total isolamento. No chão ou numa cadeira, num sítio bucólico ou numa
movimentadíssima avenida, não importa. O resultado é o mesmo, desde que, é
claro, você se mantenha numa posição que não force os ossos nem os músculos
(veja na página seguinte). Segundo especialistas, o corpo e a mente entram num
estado de relaxamento profundo que ajuda a eliminar o estresse. "Ao
permitir ao corpo esse descanso, a inteligência interna desperta e restaura o
que estiver em desequilíbrio", explica Schneider.
Traduzindo
em miúdos, a meditação faz aumentar as ondas alfa no cérebro, relacionadas ao
relaxamento. Nesse estado, cai o consumo de oxigênio, desaceleram-se os
batimentos cardíacos e o metabolismo inteiro diminui. Em outras palavras, o
organismo gasta menos energia para funcionar. "Isso representa um tremendo
repouso", diz Cardoso. Sem contar que a prática regular reduz o estado de
alerta permanente aquela mania que a gente tem de estar sempre ligado em tudo e
manda embora a ansiedade. "Depois de dois ou três dias, já dá para sentir
maior serenidade interior", garante Markus Schuler, professor de Meditação
Transcendental, em São Paulo.
Meditar
significaria, então, a cura de todos os males? Para o acupunturista Norvan
Martino Leite, de São Paulo, esse é um treinamento mental que pode ajudar a
debelar muitas doenças. "Não existe técnica milagrosa", diz ele, que
ensina um método meditativo chinês aos seus pacientes. "A prática regular
cria condições para resolver os problemas e, assim, melhorar a saúde",
afirma.
Na raiz
de grande parte das doenças estaria o estresse, que, como se sabe, dá maus
frutos. "Ele aumenta o desequilíbrio de hormônios, como o cortisol, que
inflama as artérias. Isso causa hipertensão e pode resultar em derrames e
ataques cardíacos", resume Robert Schneider. A meditação transcendental,
utilizada no estudo, confirmou algo que os cientistas já suspeitavam: ela
contribui até para evitar o acúmulo de placas gordurosas nas artérias do
coração, a temida aterosclerose.
Para a
consultora de ambiente hospitalar Célia Cristina Catenaccio, de 50 anos, a
prática da meditação foi decisiva para vencer um tumor alojado no cérebro.
"Só consegui enfrentar 13 cirurgias seguidas por causa dela. Um dia,
depois de uma operação de 12 horas, já me levantei da maca para meditar. Graças
a isso, consegui reduzir minha internação em 12 dias. Se não fosse a meditação,
eu não teria suportado."
Ela só
faz bem!
Há mais de 30 anos a Medicina estuda os benefícios dessa prática milenar, seja para prevenir doenças, seja para tratá-las ou mesmo servir de atalho para a cura. Além de ensinar nosso organismo a gastar menos energia e dar um breque no efeito dominó do estresse, a meditação nos ajuda a raciocinar melhor.
Segundo
pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, a prática
aumenta a atividade na região frontal do cérebro, responsável pela
concentração, abstração e atenção. Outros estudos também comprovaram que a
meditação retarda o envelhecimento, melhora a qualidade de vida de portadores
de doenças graves e auxilia na redução do consumo de cigarro, álcool e outras
drogas.